Nasceu!!!
Como definir o sentimento de uma grávida de segunda viagem em final de gestação?
A DPP(data provável de parto) vinha se aproximando, e a ansiedade aumentando, muito mais do que na primeira gravidez. Quando é primeiro filho temos muito a preparar, planejar, organizar, eu queria mais é que demorasse para o bebê chegar pois queria deixar tudo pronto e perfeito a tempo.
Mas agora eu já tinha praticamente tudo ainda novinho que o Mikhael tinha acabado de deixar. Estava tudo só esperando o Matheo.
Sem muito o que fazer, inventei de customizar algumas coisinhas para mudar um pouco o tema do quartinho.Para o Mikhael eu havia usado notas musicais e para o Matheo usei cata-ventos. Mesmo assim, deixei tudo bem para o final, para ter o que fazer naqueles dias em que a ansiedade bate mais forte. Confesso que minha estratégia não foi muito eficiênte, lá estava eu mais ansiosa do que nunca.
É engraçado, mas lembro de estar mais corajosa na primeira gestação quando pensava no parto. Era algo que eu ainda não podia medir pois nunca havia experimentado, eu estava muito segura e confiante graças aos literalmente nove meses de pesquisa sobre parto em frente ao computador. Agora além da teoria eu tinha também a prática, e isso me causava um misto de emoções por saber que logo passaria por aquela experiência tão intensa que eu já conhecia. Se por um lado eu podia me sentir dona da situação por ter a experiência, por outro lado me sentia impotente, pois cada parto é único.
"Voltei da maternidade, o cardiotoco deu bom, o Matheo tá na apresentação boa, encaixadinho e tal, estou com 2 de dilatação, provavelmente residual né, e o liquido tá clarinho." [Pedacinho do email que mandei pra minha doula Deia, na tarde de terça feira dia 20 de outubro.]
Meu retorno ficou marcado para três dias depois, para refazer cardiotoco e conferir se estava tudo bem com o bebê.
Depois da notícia dos 2 centímetros dilatados, o povo se alvoroçou, achando que agora ia, mas nenhum sinal do TP (trabalho de parto) começar.
Minha barriga já estava enorme e eu andava tendo dificuldade para dormir, para trabalhar, realmente estava bem desajeitado fazer qualquer coisa.
Na manhã de quinta feira dia 22, mais exatamente as 5:00 hs eu despertei assustada.
Não sei bem ao certo o que me acordou, mas lembro de estar sentindo uma coliquinha e dor no final da coluna. O tampão também já estava começando a sair,e eu sabia que o trabalho de parto estava começando!
Tentei dormir mais um pouco, mas não consegui, a ansiedade veio com tudo, e as contrações também!
Resolvi tomar um banho pra relaxar, e já ficar pronta caso tivessemos que sair logo para a maternidade. Pela intensidade das contrações, imaginava que esse trabalho de parto seria bem mais rápido que do Mikhael. Pra ter uma idéia, a intensidade das contrações que eu estava tendo no começo do TP do Matheo, estavam semelhantes as contrações que tive no final do TP do Mikha.
Nossa estava mesmo acontecendo!!!
O frio na barriga, o medo que eu andava sentindo quando pensava no parto,de repente deu espaço a "mulher boa parideira". Uma valentia aflorou não sei de onde e fui invadida por uma necessidade de corresponder com meu corpo, fazer o que ele pedia, pois havia chegado a hora!
Depois do banho, fui terminar de arrumar minha bolsa maternidade com as coisas de higiene pessoal que faltavam, escova de cabelo, de dente e coisas assim que só dava para por na bolsa antes de sair mesmo.
As horas voaram, e das 5hs até as 8hs eu nem ví passar.
As contrações cronometradas pelo Michel estavam fortes e regulares, estava até difícil para andar. Estávamos na cozinha, Michel tomando um cafezinho, e eu pensando em comer algo mas não estava conseguindo, desisti. Comecei sentir ânsia de vômito, corri para o banheiro, mas de estomago vazio nada...
Michel achou melhor sair para buscar a Iris minha irmã caçula que ficaria com o Mikhael, pois do jeito que o processo estava se desenrolando, não dava para esperar muito.
Já com Iris em casa, Michel voltou a cronometrar e as contrações que estavam em 3 a cada 10 minutos.
O Mikhael acordou lá pelas 9:30hs, e ficou juntinho de mim, meio apreensivo com minhas caretas durante as contrações.
O Mikha nos deu motivo para muitas risadas durante a gestação do irmãozinho, pois com 2 aninhos ainda não falava direito, e trocava o "B" pelo "M", aí Matheo ficava "Batheo". Outra coisa engraçada era quando ele falava que o neném ia descer, ao invés de nascer: "o Batheo vai "descer! ".
Resolvi ligar pra Thelminha, já falei dela aqui, minha amiga enfermeira obstetra, que conheci lá nos encontros do Gesta Londrina que na época eram dirigidos pela Pati Merlim. Thelminha estava dirigindo um estágio com sua equipe de alunas da UEL lá na maternidade municipal, e disse que eu poderia ligar quando estivesse indo pra lá.
As 10hs saímos rumo a maternidade, pois a Thelminha ficaria lá até as 11hs, e eu queria chegar lá antes.
Chegando lá, as meninas da UEL vieram nos buscar na recepção para a avaliação. Quando perguntei pela Thelma, fui surpreendida com outra pergunta: vc que é a Magridt, que quer ter o parto na PPP (cama para parto humanizado pré-parto, parto, pós-parto)?
Pensei, uau! a Thelminha deixou mesmo tudo preparado, estavam até esperando por mim!
Como fiquei feliz com essa recepção tão diferente de 2 anos e 7 meses atrás, quando a maternidade estava super lotada , e eu quase que não consegui vaga.
Mas dessa vez foi para fechar a fabrica com chave de ouro.
Coisas que eu queria e fazia questão nesse parto:
- que fosse normal
- sem anestesia
- sem episiotomia( no primeiro parto fizeram, para evitar laceração natural, prefiro a laceração! )
- sem indução
- que fosse na PPP, ou no chão, ou no chuveiro, menos deitada!
- estar com o Michel
- liberdade para caminhar
- banhos livres
- livre ingestão de líquidos e alimentos
- não ser forçada a nada
- não ser orientada a fazer força antes da dilatação total(como no primeiro)
- enfim, que não houvesse nenhum tipo de intervenção
Não cheguei a escrever um plano de parto, eu sabia que sendo uma maternidade pública
não era nada comum alguém aparecer com um desses por lá, e mesmo porque eu não ia precisar, a Thelminha seria meu plano de parto vivo.
Lá dentro no atendimento sentei um pouquinho com o Michel até a sala da avaliação desocupar, as meninas super atenciosas perguntando isso e aquilo, se admirando porque o Michel tinha cronometrado e respondia várias perguntas sobre o TP. Logo a Thelma apareceu, conversamos um pouquinho e eu fui para a avaliação.
As meninas do estagio a Aline e a Beatriz, estavam o tempo todo alí por perto, junto com a médica também me examinaram, eu estava com 6 centímetros de dilatação, 40 semanas e 3 dias.
Quando eu ia me levantando da maca, senti aquela água quentinha escorrendo, era a bolsa das águas, que igual no TP do Mikha também rompeu nos 6 centímetros.
Saindo dalí, uma paradinha no cardiotoco, como a maternidade estava praticamente vazia, pelo menos só tinha eu em trabalho de parto ativo alí naquela hora, foi juntando mulherada em volta, o pessoal da enfermagem, as meninas da UEL, conversinhas a parte descobrimos que quase todas as meninas do plantão eram evangélicas, incluindo a pediatra. Ô coisa boa!!
Próxima parada no chuveiro, e aquela hora a fome veio com tudo, já devia ser umas 11:00hs, sorte que eu havia levado uma tupperware cheia de bolachinhas, fui com tupperware e tudo para o banho.
Lá na maternidade normalmente as parturientes ficam nos quartos de pré-parto durante o TP, e quando entram na fase do expulsivo vão para a sala de parto. Minha única preocupação era que dessa vez me levassem para a sala de parto que eu queria, aquela que tem a cama PPP, que infelizmente ainda é tão pouco usada. A desculpa que me deram no parto do Mikhael, para não poder usá-la era que "a visualização do campo fica mais difícil para o médico", ou seja, um motivo nada humanizado.
Bom, mas dessa vez havia alguém por mim, meu "anjo da guarda" Thelminha, que não só providenciou o quarto com a PPP, mas depois do banho me levou direto para lá. Tive o privilégio de passar o TP todinho nesse quarto, e ainda estava recheado de equipamentos para alivio da dor: cavalinho, bola, massageadores.
Deus foi maravilhoso,escolhendo o dia e a melhor hora para eu estar alí, eu estava sendo exclusiva naquele plantão, com praticamente a equipe toda só pra mim. A Thelminha, as meninas, a obstetra, não sabiam mais o que inventar para me deixar mais confortável, trouxeram pantufinha, calcinha de amarrar, até coca-cola levaram pra mim, parecia que eu estava em um hospital particular, sendo maravilhosamente atendida.
Depois de garantir um parto cinco estrelas pra mim, a Thelminha teve que ir, mas ficou em contato pelo telefone e prometeu voltar a tarde para conhecer o Matheo.
Algumas meninas do estágio também estavam saindo para o almoço, mas a Aline queria ficar comigo fazendo as vezes de doula , avisou a Thelminha e ficou!
A Aline foi de ouro, cuidando de mim o tempo todo, fazia massagem, dava carinho, dava a mão para eu apertar.
O Michel sofreu bem mais nesse parto, o motivo foi que cada vez que vinha a contração eu "necessitava" aperta-lo, e tinha que ser ele! As contrações estavam bem intensas, e enquanto abraçava ele, eu só pensava "já vai passar". Engraçado que no TP do Mikhael foi bem diferente, durante as contrações eu não queria ninguém por perto.
Almocei, caminhei, fui um pouco em cada aparelho, fiquei bem ativa para ajudar na dilatação que estava um pouco devagar. Lá pelas 13:00hs conversei com a obstetra sobre a previsão da dilatação total e ela falou que talvez lá pelas 16:00hs teríamos os 10 centímetros. Eu já estava bem cansada, e até desanimei quando ela falou, mas em poucos minutos a coisa deslanchou e comecei a ficar com muita vontade de fazer força, subi na cama, ensaiei posições, desci, pensei em ficar no chão mesmo e parir de cócoras, enfim como as fêmeas na natureza "rodei, rodei, ajeitando o ninho". As 14:00hs veio todo mundo pro quarto pois estava prestes a nascer. Sentei na cama, me ajeitei, fiz muita força e as 14:05hs o Matheo nasceu! Rosadinho, chorando forte, veio direto para o colo da mamãe.
A Pati deu a notícia para as meninas do grupo no blog do Gesta Paraná
Depoimentos especiais de quem fez parte:
Obrigada a todas as pessoas que me ajudaram a tornar possível essa história relatada.
Obrigada a Deus, criador de todas as coisas,o qual tem o universo em suas mãos , tão poderoso que nem uma folha de árvore cai sem que seja de sua vontade, agradeço a esse Deus Pai que do alto de sua grandeza se preocupa até com os detalhes da vida de seus filhos e se agrada em tornar possível nossos sonhos. Graças a Deus pela realização de nosso sonho, dois filhos lindos e maravilhosos, nosso bem maior aqui na terra nossa maior riqueza!
Fim!
Eu sou Magridt Gollnick da Luz e esse é o Blog Mães no Reino.
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