sábado, 22 de janeiro de 2011

Mãe é aquela que cria e educa!



Este mês de janeiro foi ótimo! Passeamos bastante e ministramos em algumas igrejas por onde passamos, nos divertimos e alegramos, com nossos parentes. Agradeço a Deus por estes dias de refrigério e descanço.

Quero compartilhar com vocês, algo que aconteceu comigo no último final de semana que estávamos de férias.

No dia 16 de janeiro, domingo, depois de uma ministração, na parte da manhã, cheia da presença de Deus, fomos com um casal de amigos, almoçar numa churrascaria. Logo ao chegarmos neste local, minha pressão caiu e comecei a passar mal, meus batimentos cardíacos ficaram arritimados e foi então que meu esposo decidiu me levar para o hospital mais perto.

Ao chegarmos lá, passei por um eletrocardiograma, onde deu um resultado bem alterado e nada normal.
Então por precauções médicas, resolveram reverter a situação com soro, remédio na veia e por fim, internação na UTI para ficar em observação durante no mínimo 24 horas.

Depois da ministração da noite, na mesma congregação que estávamos desde sábado, o Ney voltou com os meninos para Santa Bárbara D' Oeste, até que eu tivesse alta do hospital.

O que desejo compartilhar com vocês não é apenas o momento em que fiquei na UTI, pois, foram momentos ruins e bons ao mesmo tempo, quero enfatizar que Deus sempre está no controle de nossas vidas e eu precisava apenas discernir o propósito D'ele para mim naquele lugar.
Se, eu olhasse com olhos carnais, o motivo de estar ali seria horrível, mas olhando com olhos espirituais, só me restava implantar o Reino de Deus, intercedendo por vidas e fazendo a diferença naquele lugar.

Depois de aproximadamente 3 dias na UTI, senti falta dos meus filhos, é claro, porém, precisei ser forte, para sair o mais rápido possível do hospital.

Quarta-feira, na hora do almoço, tive a notícia que estava de alta e iria para o quarto, lá seria mais tranquilo, pois, poderia conversar com outras pessoas e até andar pelos corredores proclamando o Reino de Deus por toda a parte.

Ao chegar no quarto, conheci uma senhora que estava internada há 8 dias, então, como toda mulher começamos a conversar, conversar e conversar, até que chegamos no assunto sobre filhos e trocamos experiência da maternidade.

Quero contar a linda história desta Senhora, que não vou identificar o nome, para preserva-la, mas vou chama-la de Ana, para melhor identificação ao ler este fato real.

Quando tocamos no assunto de filhos, ela disse que o filho dela era do coração, um presente de Deus e que é a sua alegria até hoje.

Eu muito curiosa, pedi à ela, que me contasse toda a história.

Então começou me dizendo que após ela se casar, o sonho dela era ter um filho, apartir dai então começaram as tentativas de engravidar, passado alguns anos, descobriu que seu útero era infantil e não tinha se desenvolvido, tornando impossível uma gravidez.

Ana trabalhava normalmente e morava porta a porta com sua irmã, que passava o dia em sua casa. Quando Ana chegava do serviço, conversava com sua irmã e ela sempre dizia que passava uma moça na porta de sua casa, pedindo alimento ou roupa para doar. Ana, que na época era jovem, sempre separava alguma coisa para doar.

Com o passar do tempo, Ana começou a ficar muito nervosa e "doida", literalmente, começou a tratar com psicólogos e psiquiatras, pois, não sabia o que tinha.

Um certo dia, morando numa cidade grande, com muitas dificuldades e muito humilde, pegou várias conduções até chegar em seu psiquiatra. Ao chegar, começou a conversar com ele e desabafar sobre sua vida, ficando muito irritada e nervosa. Ele muito calmo disse, Ana, seu problema é a falta de uma criança, porque não vai ao orfanato adotar uma criança ou um bebê?

Ela ficou muito nervosa e quase bateu nele, dizendo que já tinha tentado e não era tão fácil assim como imaginava. Disse mais, perguntou a ele se tinha filhos, ele respondeu que sim e eram três, logo ela respondeu, então, dá um pra mim.

Muito nervoso o médico falou para ela ir embora, deu um atestado de loucura para se internar num hospital psiquiátrico.

Ana, mal sabia que aquela moça que passava quase todo dia na casa dela pedindo comida, havia passado lá no momento que ela estava na consulta. A moça conversou com a irmã de Ana dizendo que ela estava grávida do quinto filho e tentou abortar algumas vezes, mas na última tentativa de aborto, sentiu que o bebê não era dela e sim de Ana, então, resolveu passar lá para deixar num pequeno pedaço de papel seu endereço, e pediu que Ana fosse visitar e conversar com ela pessoalmente sobre o bebê, que viria dar a luz.

A irmã de Ana ficou abismada e muito feliz, pois, não via a hora de sua irmã chegar para contar a novidade.

Ana, muito triste, retornando da consulta, resolveu deixar aberto seu atestado de loucura, para que todos que a vissem chorando (no onibus, metro e trêm) soubessem o motivo de seu desespero, sem ao menos precisar falar.

Quando chegou em casa, sua irmã veio correndo ao seu encontro para contar a novidade, mas, Ana estava tão desacreditada que entrou correndo no seu quarto apenas para chorar.

Passaram algumas horas e com Ana mais calma, veio sua prima falar sobre a moça. Contou toda a história e mostrou aquele pequeno pedaço de papel onde tinha o endereço completo da moça grávida, que estava esperando por uma visita.

Ana, seu marido e sua prima num domingo ensolarado, resolveram procurar aquele endereço, chegando na rua, começaram a procurar o número da casa, acharam e viram que era um lugar muito humilde.

Ao encontrar a moça barriguda, de aproximadamente 6 meses, se apresentaram e a primeira coisa que a moça disse ao ver Ana, foi, esse filho aqui é teu (apontando para sua barriga).
Ana ficou muito feliz e viu que ela era uma excelente mãe, mas, realmente não teria condição nenhuma, para cuidar de seu filho que estava por vir.

Apartir dai, ela começou a acompanhar a gravidez bem de perto, levar ao pré-natal, dar alimento e fazer tudo o que podia para ver o bebê se desenvolver saudável.

No momento do parto, eles levaram a moça para o hospital, ela teve o bebê e o acordo estava feito, Ana saiu do hospital e o bebe registrado com o nome e sobrenome da família. Esta história aconteceu a 33 anos atrás.

A mãe biológica, no momento de aflição e dificuldade entregou seu filho para uma pessoa de confiança, uma mulher que o amava desde o ventre e seria uma excelente mãe, pois, além de tudo estava realizando seu maior sonho.

Assim o bebê foi crescendo saudável e Ana foi curada na dor que tinha na alma, cuidava dele e educava com todo amor e carinho.

A mãe biológica foi visita-lo por mais ou menos três vezes, até se mudar para outro estado com seus quatro filhos e nunca mais voltou.

Hoje o seu filho ja é adulto, Ana me disse que foi um presente especial de Deus, que mudou sua vida.
Pude conhece-lo enquanto estava internada no quarto do hospital e realmente vi a alegria no olhar dela e do filho ao se encontrarem no horário da visita.

Para mim, foi uma linda história, pude aprender muito, pois, a verdadeira mãe é aquela que cria, educa, passa tempo com seus filhos compartilhando momentos de alegrias e tristezas.

Deus nos adotou como filhos, ele nos escolheu primeiro.
Ele é nosso Pai e jamais deixará faltar alguma coisa para nós.
Se o nosso pai terrestre sabe dar boas coisas a seus filhos, imagina Deus, nosso PAI celestial.

Quando adotamos uma criança, estamos fazendo como Deus Pai, fez conosco. Encorajamos você a procurar o conselho tutelar de sua cidade e se cadastrar para a adoção de uma criança.

Precisamos apenas amar incondicionalmente e nos colocar na posição de pais responsáveis, dispostos a mudar a vida de uma criança.
Estes são verdadeiros pais, aquele que ama, zela e educa seus filhos.


segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

HISTÓRIA DO PARTO



Precisamos resgatar nossa essência quanto mulheres completas, nosso dom maior : o dom de ser mãe de uma maneira natural , trazer uma vida ao mundo da maneira que fomos capacitadas por Deus.  É muito importante conhecermos a história do parto,sabermos como tudo transcorreu através dos séculos quando o parto deixou de ser um evento natural dominado pela mulher e como passou a ser um evento dominado pela medicina.


nascimento é historicamente um evento natural. Como é indiscutivelmente um fenômeno mobilizador, mesmo as primeiras civilizações agregaram, a este acontecimento, inúmeros significados culturais que através de gerações sofreram transformações, e ainda comemoram o nascimento como um dos fatos marcantes da vida. (BRASIL, 2001, p.17).
Antigamente, os homens viviam conforme seus “instintos naturais”. A princípio, a mulher se isolava para parir, geralmente sem nenhuma assistência ou cuidado vindo de outras pessoas, apenas seguia o seu instinto. O parto era considerado um fenômeno natural e fisiológico (SANTOS, 2002).
De acordo com Melo (apud SANTOS, 2002), a historicidade da assistência ao parto tem início a partir do momento em que as próprias mulheres se auxiliam e iniciam um processo de acumulação de saber sobre a parturição. Dessa forma, começa-se a agregar valores aos conhecimentos acerca do processo de nascimento entre as próprias mulheres, e o parto passa a se tornar um evento mais importante na vida das mulheres que participam do mesmo. Então uma mulher que a comunidade considerasse como mais experiente era reconhecida como parteira - essa parteira se traduz na figura da mulher que atende partos domiciliares, mas que não tem nenhum saber científico. Seus conhecimentos são embasados na prática e na acumulação de saberes, passados tradicionalmente passados de geração para geração (SANTOS, 2002).
A parteira é capaz de vivenciar com a mulher todos os momentos do processo de nascimento, doando seu tempo e dedicação. Usando de sua sabedoria inata ela não tem pressa, pois sabe que é prudente observar a natureza e deixá-la agir livremente (LARGURA, 2000).
A fundação de universidades e posteriormente a criação de cursos profissionalizando médicos, estava intimamente ligada e controlada pela igreja. A admissão estava limitada aos homens das classes altas e, portanto, inacessível às parteiras. Devido ao fato de que agravidez e o parto não serem considerados doenças, esses assuntos não eram rotineiramente incluídos nos currículos médicos. Os médicos então reservaram seus encontros com as parteiras – de classe inferior - e estas, por sua vez, reservavam as enfermarias dos hospitais para os procedimentos médicos, nunca levando uma parturiente normal para este ambiente (SANTOS, 2002).
No século XVII ocorreu uma grande transformação na obstetrícia: a introdução dos cirurgiões na assistência ao parto, pois ainda não existia a obstetrícia e a ginecologia como especialidade médica (MACHADO, 1995).
Quando apareciam situações inusitadas ou complicadas e perigosas as parteiras recorriam, na maioria das culturas, ao homem – inicialmente shamans, padres ou rabinos e mais recentemente os barbeiros-cirurgiões e finalmente os médicos. A presença masculina no parto era vivida com inquietude pelos presentes, pois significava que algo ia muito mal (OSAVA, 1997). Mais tarde, os médicos foram assumindo o controle da assistência ao parto (PETER, 2005).
Desabituados do acompanhamento de fenômenos fisiológicos, foram formados para intervir, resolver casos complicados e ditar ordens. O parto passou então a ser visto como um ato cirúrgico qualquer e a mulher em trabalho de parto sendo chamada “paciente”, sendo tratada como doente e impedida de seguir seus instintos e adotar a posição mais cômoda e fisiológica. Iniciou-se a era do parto médico, no qual a mãe deixa de ser a figura mais importante da sala, cedendo seu lugar à equipe médica. Os papéis se invertem e o obstetrapassa a ser o centro da cena, obrigando a mulher a se deitar numa posição desconfortável, sendo impedida de adotar a posição que achar mais confortável. Não podendo opinar em seu direito básico de escolha e participação ativa no nascimento do próprio filho. Asposições verticais, que ao longo dos milênios foram as mais usadas pelas mulheres, em todas as raças e culturas, lhes são negadas pelo obstetra (MACHADO, 1995).
Em torno de 1880 os médicos apresentavam uma melhor aceitação da sociedade e as mulheres de todas as classes sociais começaram a procurar a maternidade para os casos mais complicados e gradualmente considerá-la mais segura do que o domicílio. A transformação marcante ocorrida no modelo de atenção ao parto e ao nascimento só foi possível após uma mudança da forma de pensar tanto dos médicos como de suas clientes, que passaram a entender que o parto hospitalar ofereceria maior segurança, tanto para a mulher quanto para o bebê. O hospital vendia uma imagem de ter conseguido associar o melhor de dois mundos, era um hotel que estaria habilitado a prover serviços de atenção tanto direcionados à mulher quanto ao bebê, com segurança e com a internação durante um período suficiente para a recuperação da mulher. O estudo da evolução do modelo de atenção ao parto, em particular da institucionalização do mesmo, passa pelo entendimento do próprio processo de urbanização ocorrido na época. A transição durou apenas duas gerações, passando de um evento familiar e fisiológico para um procedimento médico (SANTOS 2002).
A partir daí, as mudanças relacionadas ao parto acabariam por caracterizá-lo como evento médico, cujos significados científicos aparentemente viriam sobrepujar outros aspectos. O parto então deixa de ser privado, íntimo e feminino, e passa a ser vivido de maneira pública, com a presença de outros atores sociais, iniciando assim as atividades de cunho profissional à mulher, bem como a formação de pessoal para a assistência ao parto. Porém as parteiras continuaram a realizar seu trabalho, agora, sobre os olhares e controle médico (BRASIL, 2001). A formação oferecida era essencialmente prática, mantendo as decisões e o raciocínio clínico para os médicos (OSAVA, 1997). As parteiras agora eram treinadas para seguir o modelo médico, repetindo as técnicas e seguindo a “nova” tecnologia de atenção ao parto, sob os olhares da medicina moderna (PETER, 2005).
Se antes o parto e os cuidados posteriores com a mãe e o bebê transcorriam em família, embanhados em fortes vínculos, hoje, estes mesmos fenômenos transcorrem em instituições hospitalares onde os vínculos passaram a ser meros contatos superficiais (MONTICELLI, 1994)..

domingo, 2 de janeiro de 2011

O valor insubstituível da mulher e mãe no lar

Como este blog é um espaço dedicado a mãe cristã independente de placa denominacional , achei super válido trazer hoje trechos de um post muito rico escrito por uma jovem católica, ainda noiva mas que traz consigo uma consciência acerca da maternidade talvez mais amadurecida que muitas mulheres já casadas e com filhos . Seu nome é Luciana Lachance e ela escreve no blog As chamas do Lar católico , acompanhe:


Nenhuma mãe pode se eximir de educar suas crianças. Cabe a ela ensinar as virtudes e os mandamentos, incutindo no filho o amor incondicional a Deus. Contou-me uma amiga que um padre, olhou para ela e disse: “Olhe como a sra está recebendo esta criança, e veja como a devolverá para Deus!” . Que chamado! Os pais são grandes responsáveis pela educação dos filhos, e como tal serão cobrados. Esta responsabilidade, embora de ambos, não são idênticas – e isto é próprio da natureza de cada um. Tal foi a vontade de Deus quando instituiu a família: que mulher e homem tivessem uma participação de mútua ajuda e amor na criação, cada qual desempenhando sua função de educador. Na educação dos filhos, tem um papel primordial a mãe [1], e é por esta razão que sua presença é tão indispensável e insubstituível, como disse o Papa. [2]
Quando se fala em presença insubstituível da mãe no lar, trata-se, portanto, de uma presença física e espiritual. A mulher, ao reconhecer sua vocação no plano divino, precisa abraçar seu chamado e corresponder às graças com todas as forças de que dispuser. A recusa à maternidade santa não se faz apenas fechando-se à vida (evitando assim que os filhos venham ao mundo), mas também eximindo-se da educação dos filhos, tratando-a como mero acessório, ou entregando a responsabilidade a outros. Há mães que, embora estejam em casa durante todo o dia, interagem muito pouco com a criança, deixando-a na frente da televisão por horas a fio, não mantendo diálogo, nem dando bons exemplos. Isto não é educar! É preciso que as mães se aproximem novamente da sua vocação e busquem aprender cada vez mais sobre como doar a si mesmas às criaturas que Deus lhe encarregou de velar. Para tal, é preciso que a mãe tenha profunda vida de oração (como vimos, muito antes que os bebês nasçam), que procure se formar para desempenhar a função da maneira que dê mais glórias a Deus.
Ora, a mídia, a publicidade, a literatura e todos esses meios, o que dizem da família? Como retratam a mãe? Eis o quadro: lares desestruturados, traições, separações, pais mais ocupados consigo mesmos que com os filhos, mães que preocupam-se mais com o trabalho… eis os exemplos de que dispomos! Mães e pais ausentes, filhos perdidos no meio da péssima educação escolar e atéia que recebem – além de estarem completamente afundados na cultura pop. Se seu filho consegue lhe dar mais informações sobre o herói do anime do que sobre Jesus Cristo, passou da hora de se preocupar.
Com este ritmo de vida frenético de nossos tempos, nossos dias parecem divididos em tantas etapas quanto os horários numa agenda. Uma jovem moça cursa faculdade de comunicação durante um turno, trabalha meio período prestando serviço de atendimento ao consumidor por e-mail (para uma agência), faz academia 3 vezes por semana, curso de francês aos sábados, além de dedicar quase todo o tempo livre do final de semana ao noivo, que mora numa cidade vizinha. Aproveita os intervalos da semana para estudar as matérias. Pergunto a ela como será quando se casar, quando os filhos vierem, ao que responde: “Dá tempo suficiente. Vou me organizar direitinho!”

...(Muitas mães acabam por enxergar a própria contribuição enquanto educadoras de maneira superficial: talvez por isso acreditem sinceramente que a parte que lhes cabe pode ser desempenhada sem que a agenda inicial seja alterada a ponto de se desistir de alguma coisa. O fato é que a sociedade, assim como em nada favorece a prática da religião, em nada favorece a maternidade! A mulher que é mãe não encontra uma realidade concreta pronta a acolhê-la, a louvá-la, a garantir em tudo sua alta dignidade nos planos de Deus. Por um lado, a sociedade ridiculariza a mulher que dedica-se inteiramente às funções de esposa, mãe e rainha do lar, estigmatizando-a. Por outro, tal como está organizada e configurada, a sociedade não oferece as mínimas condições necessárias para que a mulher possa desempenhar outros papéis – quer profissionalmente ou socialmente – sem causar danos à maternidade.
A mãe educadora e os desafios da sociedade contemporânea
Em outubro de 2004, por meio de uma intervenção da Santa Sé sobre os direitos da mulher, [3] estas questões foram abordadas de maneira significativa. Reconhecer que a mulher deve ter aberta as possibilidades de promoção intelectual e profissional passa longe de afirmar que a sociedade atualmente se organize de tal maneira que não fira sua feminilidade e maternidade. Neste quesito, todas as mulheres sofrem as duras consequências de um mundo que não reconhece nem promove suas reais necessidades: a mãe em tempo integral, a mãe que necessita do trabalho fora do lar, a mulher que – sendo chamada por Deus a dar testemunho fora da vocação matrimonial – necessita prover, muitas vezes, seu sustento sozinha. A intervenção destaca que “Como consequência da contribuição vital que recebe da maternidade, a sociedade deve assumir várias obrigações em ordem a apoiar as mulheres que são mães (…)Uma vez que uma mulher deu à luz, o apoio da sociedade deve reflectir-se na oferta de opções legítimas, que tomem em consideração as múltiplas funções e interesses das mulheres. Isto quer dizer que se deve reconhecer o valor do trabalho das mulheres que optaram por permanecer nos seus lares, para educar os seus filhos como um trabalho a tempo inteiro. (…) Finalmente, a sociedade deve assegurar que as mulheres tenham liberdade de escolher trabalhar no lar, procurando garantir a remuneração familiar do único assalariado, para que as mães não se vejam forçadas a trabalhar fora de casa. [4]
Na prática, nenhum esforço está sendo feito para garantir que a mãe tenha total liberdade para permanecer integralmente no seu lar. Ao contrário, há uma força deliberada para que a mulher permaneça a maior quantidade de tempo possível fora de casa, por razões econômicas e ideológicas. A atual jornada de trabalho – 8 horas diárias, sem contar o tempo de almoço e de deslocamento – oferece uma sobrecarga até para o pai de família, que se vê com pouquíssimo tempo para passar junto dos seus – que dirá a mãe, que tem por obrigação primordial velar pelo seu lar e pela educação dos filhos. Nestas circunstâncias, não é possível para a mãe se submeter a esta lógica mercadológica e ao mesmo tempo cuidar dignamente de sua vocação perante Deus. Como afirma o Papa João Paulo II, «a verdadeira promoção da mulher exige que o trabalho seja estruturado de tal maneira que ela não se veja obrigada a pagar a própria promoção com o ter de abandonar a sua especificidade e com detrimento da sua família, na qual ela, como mãe, tem um papel insubstituível” [5]
A promoção deste aspecto da vida da mulher está longe de ser alcançada. [6]Claro está que as condições de trabalho não podem ser as mesmas para homens e mulheres. [7] Com toda esta distância, torna-se utópico falar de um mercado de trabalho competitivo que respeite a maternidade, e ainda mais a maternidade santa, que tanto exige dedicação da mulher . É neste momento que entra um ponto significativo da sociedade moderna: de fato, esta sociedade deseja a mulher no mercado de trabalho – desejo que foi engendrado na destruição e no enfraquecimento da instituição familiar, e em prol da diminuição do número de filhos. É próprio dessa sociedade, portanto, o não-favorecimento da maternidade, está em seu gênesis (o esforço iria em contrário, e aniquilaria a si mesmo). A maternidade, financeiramente falando, custa caro. É caro para a empresa manter um quadro de funcionárias que invariavelmente precisarão de licença por 6 meses, recebendo salário, sem que vejam nisso qualquer retorno econômico. Isto já custa alto, e está muitíssimo distante do meramente aceitável. Mais caro ainda é oferecer carga horária reduzida. Nos esforçamos bastante para entender o que seria, no plano teórico, um mercado que reconhecesse a dignidade da mulher que é mãe. Seis meses é tempo para se deixar um bebê que ainda está sendo amamentado? Sabemos que não. E quando se lhe ajuntam a prole numerosa? Sabemos, com a Igreja, que “Pela relação especial que a une à criança, sobretudo nos primeiros anos de vida, ela [a mãe] oferece-lhe aquele sentido de segurança e confiança sem o qual seria difícil desenvolver correctamente a própria identidade pessoal.[8]
Levadas pela ideologia – o que difere de uma razão legítima que tenha a mãe de família para trabalhar neste regime absurdo- muitas mulheres perdem a si mesmas, tendo o discurso da satisfação profissional comprado-lhes a alma, e tudo se põe na frente dos divinos preceitos! A distância do lar que tal configuração do mundo contemporâneo exige não permite as mães educarem seus filhos nem mesmo com o mínimo – tantos são os prejuízos impostos a esta mulher para além de sua ausência neste período. Por isto se diz que a mulher só deve submeter-se ao trabalho em caso de necessidade urgente e inevitável. Fala-se em mercado de trabalho, para se diferenciar do trabalho que a mulher sempre exerceu, dentro dos muros do lar, (enquanto administradora de uma economia doméstica complexa ou nos negócios de família, por exemplo) ou até mesmo fora dele (em profissões, cargos e horários que não lhe roubavam a dignidade de mãe), levando em consideração as circunstâncias e a necessidade econômica . Tais são os casos das inúmeras profissionais que sempre tivemos ao longo da história, como enfermeiras, costureiras, professoras, etc. Santa Gianna foi exemplo claro disso: médica, e como consta em sua biografia, continuou a exercer belíssimamente sua profissão, atendendo gratuitamente as criancinhas do primário e no jardim de infãncia - voluntariamente e conforme sua disponibilidade de mãe lhe permitia.
Reverterá em honra para a sociedade o tornar possível à mãe — sem pôr obstáculos à sua liberdade, sem discriminação psicológica ou prática e sem que ela fique numa situação de desdouro em relação às outras mulheres — cuidar dos seus filhos e dedicar-se à educação deles, segundo as diferentes necessidades da sua idade. O abandono forçoso de tais tarefas, por ter de arranjar um trabalho retribuído fora de casa, é algo não correcto sob o ponto de vista do bem da sociedade e da família, se isso estiver em contradição ou tornar difíceis tais objectivos primários da missão materna“. [ Papa João Paulo II] [9]
Certa garantia para que a mulher tenha livre acesso as instâncias que enriqueçam seu desenvolvimento intelectual e social – como formação univesitária, concursos públicos, empregos em geral – é algo que, enquanto mais uma possibilidade de desenvolvimento de seus dons femininos, pode oferecer à mulher, em certas épocas e fases de sua vida, uma contribuição benéfica. [10] O problema fundamental que se levanta é a impossibilidade dessas mesmas instâncias oferecerem alternativas viáveis quando a mulher se torna mãe. Dando meu testemunho, curso o último período numa Universidade Federal. Até dois ou três anos atrás, a estudante que tinha dado a luz à uma criança ganhava o direito de cursar o semestre a domicílio, isto é, poderia se matricular nas matérias regulares e desenvolver as atividades em casa , de modo que até mesmo um orientador aplicava as provas no lar. Não existe mais este direito: ou ela tranca completamente o curso, ou continua a estudar- prejudicando assim o desenvolvimento de seu bebê.
A mulher deve concorrer com o homem para o bem da ‘civitas’, na qual é igual a ele em dignidade. Cada um dos sexos deve ocupar-se da parte que lhe diz respeito segundo a sua natureza, o seu carácter, as suas atitudes físicas, intelectuais e morais. Ambos têm o direito e o dever de cooperar para o bem total da sociedade, da pátria; mas está claro que se o homem é, por temperamento, levado a tratar das ocupações exteriores, dos negócios públicos, a mulher tem geralmente falando, maior perspicácia e tacto mais fino para conhecer e resolver os problemas delicados da vida doméstica e familiar, base de toda a vida social; o que não exclui que algumas saibam dar mostras de grande perícia em todos os campos da actividade pública”, afirmou o Santo Padre Pio XII. [12]
A organização da sociedade ainda encontra coágulos sadios face à ideologia competitiva entre homens e mulheres, que procura em vão igualar seus esforços de maneira altamente prejudicial. Mães desenvolvem suas habilidades profissionais dentro dos muros do lar, trocando as empresas privadas e públicas – da qual não escapam da dura e maléfica distância dos filhos – por escritórios familiares, a um passo das crianças, e são elas mesmas que organizam seus horários, de acordo com suas necessidades. Uma mãe conta que, após os filhos terem entrado na idade da razão, freqüentando todos a escolinha (com a qual ela não concorda, pois preferia poder educar os filhos em casa), encaixou seus horários de professora de francês numa escola pública. Quando apanhava seus filhos na escola, era toda deles para educá-los. Vindo, pela graça divina, mais um bebê, dava suas aulas particulares na sala de casa, onde podia amamentá-lo e acompanhar seus passinhos e o balbuciar de cada palavra, anotando num livro quando ele aprendia um arremedo novo de palavra. Em 3 anos preenchendo os progressos de seu bebê diariamente, traduziu dois livros do francês para o português, e foram publicados. Há de se observar que mesmo nos coágulos não se deve descuidar da vocação primordial e santificante, que é a maternidade.
A mulher que se dedica inteiramente à vocação nos planos de Deus é a preocupação central do debate da Igreja frente aos problemas da atualidade. Por continuar vendo neste o caminho perfeito para o cumprimento das exigências do Criador, não pode deixar de afirmar os inúmeros prejuízos trazidos ao lar do qual a mãe se afasta. [13] A civilização, outrora construída cristãmente, não precisava exigir de si mesma tais condições: favorecia a salvação das almas em todos os âmbitos. Não se trata, portanto, de substituir ou mesmo de igualar em dignidade uma possível ”expansão” de dons, por parte da mulher no plano social, com a vocação feminina por excelência, que vem a ser a maternidade, o cuidado com o lar e os deveres de esposa. Estes últimos, por constituírem o plano de salvação para a mulher católica que recebe o sacramento do matrimônio, representam o valor imensurável do sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo derramado no calvário, quando Ele resgatou a mulher proferindo Suas Santas palavras: “Eis aí a Tua Mãe!”.
Educar para a Pátria Celeste
Eis as palavras de um santo: “aqueles que não se ocupassem bastante de seus flhos, embora fossem piedosos e regrados pessoalmente, sujeitar-se-iam, por esta única falta, a mais formidável condenação” (S. João Crisóstomo). Não somos chamadas a incluir as “atividades” de mãe numa agenda lotada de afazeres, mas a viver essa maternidade plenamente. “Por esta única falta” – destaca o santo! Procuremos meditar a profundidade de tal exortação. A mulher e mãe, sendo o alicerce de sua casa, aprenderá a desenvolver sua capacidade de educadora nas fadigas do dia-a-dia. Embora prepare os filhos para serem cidadãos honestos que contribuam para a sociedade temporal, a mãe católica educa suas crianças primordialmente para o Céu – disto depende não só a eternidade delas, mas a sua própria.
A mãe deve estar convencida de que a conquista de uma alma para Deus vale muito mais que a aquisição de uma fortuna para si própria. [14] Educar para a Pátria Celeste requer total dedicação e vigilância – e a mãe verá que quanto mais se dedica a esta nobre missão, maior progresso espiritual acumula para si. Pensemos nas divinas comunicações entre Nossa Senhora e Jesus Cristo, nos longos anos em que Eles se pertenceram mutuamente na terra: que diziam um ao outro, diariamente? Não lhe foi Jesus obediente, como consta no Evangelho? Quando o santo afirma categoricamente que “Jesus Cristo deu mais glórias a Deus, submetendo-se a Maria durante trinta anos, do que se tivesse convertido toda a terra pela realização dos mais estupendos milagres[15], somos capazes de perceber que grandeza há na relação entre a mãe e seus filhos .
De fato, as pessoas têm necessidade de um modelo a ser imitado. Por exemplo, o amor materno ou o amor filial, só se chega a conhecer bem quando se conhece uma boa mãe ou um bom filho, disse Dr. Plínio Correa de Oliveira, Não tendo conhecido uma boa mãe ou um bom filho a pessoa não sabe bem o que é o amor materno ou o amor filial. Porque abstratamente pode-se saber o que é uma boa mãe (…) mas a maior parte das pessoas não vai ao compêndio para ver o amor que uma mãe deve a seu filho; elas analisam uma boa mãe com seu bom filho, intuem se aquilo está direito e daí depreendem algumas determinadas regras.” [16]
Santo Agostinho descreve o Céu como o lugar onde “toda ação nossa será cantar Amém e Aleluia“. Toda alegria, satisfação e sacrifício da mãe deve repousar sobre o cumprimento de estar preparando os filhos para, desde a terra, igualmente dizer Amém e Aleluia em todas as suas escolhas e atitudes.
A mãe católica procura observar os defeitos do filho quando aprende a ser vigilante. Essa vigilância, no entanto, será possível se a mãe não vigia a si mesma? Saberá se o filho reza bem o seu rosário, se ela própria posterga a oração para a última hora do dia? Muito além de ensinar algumas lições e controlar sabiamente os horários dos cumprimentos dos principais deveres das crianças, a mãe ensina bons exemplos com sua presença. Sobretudo com os pequenos – aqueles que ainda não chegaram na idade da razão – dedica seu tempo em formar os bons hábitos, quer verificar ela mesma (por obrigação inalienável) como o caráter vai sendo formado. São Gregório de Nissa teve uma família de santos como ele, enquanto Santo Agostinho afirmava com orgulho: “O que me tornei, devo-o à minha mãe.” Desta presença indispensável afirmou o Santo Padre, ” A presença materna no seio da família é tão importante para a estabilidade e o crescimento desta célula fundamental da sociedade que deveria ser reconhecida, louvada e apoiada de todos os modos possíveis.”[17]

[2 ] Papa João Paulo II – Discurso aos Bispos do regional leste II, 16 de novembro de 2002 : “Nunca é demais insistir sobre o valor insubstituível da mulher no lar: ela, depois de ter dado à luz uma criança, é o constante ponto de referência para o crescimento humano e espiritual deste novo ser.”

[7] Cardeal Ratzinger – Cartas aos bispos da Igreja Católica sobre a colaboração do homem e da mulher na Igreja e no mundo: ” A este respeito, não se pode, porém, esquecer que a interligação das duas actividades — família e trabalho — assume, no caso da mulher, características diferentes das do homem. Põe-se, portanto, o problema de harmonizar a legislação e a organização do trabalho com as exigências da missão da mulher no seio da família. O problema não é só jurídico, económico e organizativo; é antes de mais um problema de mentalidade, de cultura e de respeito. Exige-se, de facto, uma justa valorização do trabalho realizado pela mulher na família. Assim, as mulheres que livremente o desejam poderão dedicar a totalidade do seu tempo ao trabalho doméstico, sem ser socialmente estigmatizadas e economicamente penalizadas. As que, por usa vez, desejarem realizar também outros trabalhos poderão fazê-lo com horários adequados, sem serem confrontadas com a alternativa de mortificar a sua vida familiar ou então arcar com uma situação habitual de stress que não favorece nem o equilíbrio pessoal nem a harmonia familiar.”

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